segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sarcófago

Em Julho de 1973, eu fui passar 2 semanas em Barbacena na casa de meus tios.
Foi a 1ª vez que viajei de ônibus , sem meus pais. Convidei duas amigas para irem comigo: Celinha e Helena.
Sempre que viajava de ônibus tomava 1 comprimido de Dramamine (Dramin) e dormia que era uma beleza. Helena havia me dito que costumava enjoar em ônibus. Aí eu me lembrei de uma "simpatia" que papai havia me ensinado: segurar 1 moeda na mão. Isso passaria o enjôo. Bem, lá fomos nós na nossa aventura, sozinhas, como se fossemos adultas. Estava tudo muito engraçado até a hora que Helena tirou uma pera de dentro da bolsa e começou a comer. Eu pensei: "isso não vai dar certo". De fato, não deu. Ela começou a golfar. Sorte que estava sentada atrás de mim. Deus me livre me sentar com ela!! Na parada seguinte, dei um Dramin pra ela com coca-cola. A moeda não tinha adiantado nada! Mas chegamos sãs e salvas em Barbacena.
Logo no 1º dia saimos à noite. Fomos para o barzinho da moda. Claro que nós 3 fomos a atração do Bar. Minha prima, Berenice, nunca foi tão aclamada na vida dela. Todos a chamavam para serem apresentados a nós. Que máximo!
Foi aí que comecei a "ficar" com um estudante de medicina que morava em Belo Horizonte.
Ele não era bem o meu tipo físico, mas tinha os dentes lindos, era magro, de cabelo grande.
Celinha ficou com um amigo dele, que se chamava Sheldon. E Helena ficou com Ronaldo. Tnha mais um amigo deles que ficou me olhando, mas aí já era tarde.
Passamos essas duas semanas nos divertindo muito. Saíamos de carro sempre, num fusquinha preto do Elbert, que mais tarde ficou com Helena.
Sexo sempre foi um tabu na minha casa. Repressão e controle caminhavam juntos lá.
Eu sempre fui bem comportada. Mas com o Fausto senti coisas diferentes que nunca havia sentido antes. Diagamos que ele tinha uma boa "pegada". ;)
Enfim, havia sido inaugurada uma boite na cidade que se chamava "Sarcófago". Se fosse hoje, eu diria que era uma boite gótica. Luz negra, vários caixões na parede desenhados, um abiente lúgubre. Mas tocava altas musicas lá. O DJ era bom. Dançamos muito.
Fomos também num sítio de um amigo dos meninos, meio afastado da cidade. Acontecia tudo aquilo que se vê em novela: um correndo atrás do outro, se escondendo do outro, pra no fim cair na pegação! Divetidíssimo.
Eu e Fausto começamos a namorar naquelas férias e no dia que viemos embora, foi a maior choradeira na rodoviária.
Depois disso, ficamos nos comunicando por carta e por telefone.
No feriado de 7 de setembro, ele veio a Niterói com o Elbert. Foi muito bom. Eles almoçaram na minha casa e ficaram hospedados naquele hotelzinho fajuto na Praia das Flexas. Fausto fez o impossível para me levar pra cama, mas eu neguei categoricamente. "O que os outros iam pensar? E minha mãe?".
O meses foram passando, eu ainda fui a Belo Horizonte encontra-lo, mas ele estava diferente, menos efusivo, menos apaixonado. Fiquei triste. E o tempo foi passando e nós nos afastando, até que um dia acabou. Namoro de longe não tem sustentação.
Voltei a vê-lo em fevereiro de 1975, num carnaval. Ficamos juntos, mas foi só isso e fim.


Vera, Sheldon, Celinha, Eu, Fausto , Ronaldo e Helena

Eu (tipo Araribóia), Elbert e Helena

Um comentário:

Scarpa disse...

hahahaha
Mãe, essa história da Pêra é demais!
"Isso não vai dar certo..."
É bom que você sempre localiza as histórias de acordo com o padrão da época.
Beijos